Este BLOG em nenhum momento se destina ao "tratamento" da "sindrome da disfunção sexual da compulsividade". MUITO PELO CONTRÁRIO... tratamos da aceitação social de uma característica pessoal. Partimos do pressuposto de que não é um comportamento que necessite de intervenção, "tratamentos" ou qualquer terapêutica... e sim de ACEITAÇÃO, pura e simples, da sociedade, de que uma parte das pessoas que a compõe não tem as "travas sociais" da interrelação social e sexual, que são - infelizmente - vitimizados por uma característica comportamental diversa da adotada como o desejável em prol do que se convencionou chamar de SOCIEDADE.
O "sexo compulsivo" na verdade é algo de difícil definição precisa. Afinal, o número de relações sexuais mantidas num determinado período de tempo nem sempre é um bom indicador do que seria este "problema", já que até mesmo em termos de diferenças culturais entre países (ou mesmo entre regiões de um mesmo país) verificamos diferenças significativas deste aspecto das relações humanas.
No "Estudo Global Sobre Atitudes e Comportamentos Sexuais" recentemente divulgado pela Organização Internacional da Saúde, das Nações Unidas, com o patrocínio de um importante laboratório farmacêutico norte americano, no qual ouviram-se vinte e seis mil pessoas - homens e mulheres - entre quarenta e oitenta anos de idade em vinte e oito diferentes países (incluindo o Brasil), setenta e cinco por cento dos brasileiros e brasileiras entrevistados declararam expontaneamente que mantinham intercurso sexual uma ou mais vezes por semana, entendendo-se o "intercurso" por contato entre duas ou mais pessoas (ou seja, desconsiderando-se (para efeitos deste estudo) como "SEXO" o ato solitário da masturbação - mas considerando-se a masturbação mútua, ou de uma pessoa em outra, ou ainda outras atividades sexuais sem penetração).
Nos Estados Unidos da América, considerando-se os mesmos parâmetros de pesquisa, esta porcentagem decai para cinquenta e nove por cento, chegando à absurdos vinte e um por cento dos japoneses. Ou seja... considerando-se o ponto de vista dos japoneses, sob sua cultura e visão social, SERIAM OS BRASILEIROS COMPULSIVOS SEXUAIS? Invertendo-se os polos... sob o ponto de vista dos brasileiros, sob sua cultura e visão social, SERIAM OS JAPONESES ASSEXUADOS ou SOFRERIAM DE DISTURBIOS COMPORTAMENTAIS DA SEXUALIDADE?
A RESPOSTA É - OBVIAMENTE - NÃO.
O obsessivo sexual apresenta altos níveis de desejo e fantasias sexuais, expontaneamente, perdendo com isso o controle natural sobre seus impulsos e dos sentimentos relacionados a eles. Estes impulsos e sentimentos desencadeiam uma preocupação por suprirem-se estas "necessidades sexuais", preocupação esta que se desenvolve à um nível tal que acaba prejudicando significativamente relacionamentos afetivos, familiares e profissionais, afetando todas as demais atividades diárias de uma vida dita "dentro dos padrões de normalidade".
Normalmente esta perturbação da rotina diária não se correlaciona à eventuais disfunções sexuais, porém, pelas suas necessidades serem em muito dispares das de outras pessoas, os compulsivos sexuais acabam apresentando uma grande rotatividade de parceiros. Este aspecto, por sí só, já apresenta duas ramificações IMPORTANTES:
o desenvlvimento de problemas em compatibilizar as necessidades físicas às emocionais, estabelecendo-se uma gama diversa de "relacionamentos afetivos" - variando a carga emocional entre sí - podendo criar outras dificuldades importantes no campo socio-afetivo e desencadear outras psicopatologias diversas, separações conjugais, incapacidade de mater-se relacionamentos afetivos em bases fixas, monogâmicas ou não... e...
o desenvolvimento de infecções pelas mais diversas doenças sexualmente transmissíveis, comprometendo a saúde física e, consequentemente, criar outras dificuldades importantes na manutenção dos laços estabelecidos em função destas atividades.
Não me cabe, como leigo, estabelecer como "certos ou errados" os aspectos médicos, psicológicos, psiquiátricos ou congêneres do que se propôem como " tratamentos" do que se julga socialmente como uma "sindrome". Me cabe, como ser pensante, considerar que até poucos anos atrás também eram tidas igualmente como "sindromes" ou disfunções da sexualidade a HOMOSSEXUALIDADE ou o que convenciona-se entender por SADOMASOQUISMO - comportamentos hoje ACEITOS como ASPECTOS NORMAIS DA SEXUALIDADE HUMANA.
Podemos, contudo, comemorar efusivamente, já que hoje não se propõe o "eletrochoque" para casos de "sexualidade compulsiva". O "tratamento" proposto para esta pretensa "síndrome" é composto hoje por análises psiquiátricas, terapia sexual... mas, dependendo do "grau da obsessão", julga-se ainda necessário o uso de remédios como - por exemplo - inibidores da recaptação de serotonina. Isso PODE SER CONSIDERADO UM CHOQUE FARMACOLÓGICO, tão ou mais grave que os eletrochoques aplicados à poucas décadas atrás em gays e lésbicas para "curar" a sua homossexualidade... tratamentos que eram aplicados compulsóriamente e tidos como a "maneira psicologicamente correta" de se lidar com este tipo de questão, naquele contexto.
Isso nos leva à outras considerações, como, por exemplo, o número crescente (descontrolado?) dos casos clínicos de DEPRESSÃO. A sociedade os produz? O que é tido hoje como a psicopatologia da depressão é - MESMO - uma "doença"? Ou é um "estado de ânimo" ou um "estado emocional", que não dependeriam NECESSARIAMENTE de tratamentos químico-farmacológicos. Não estamos obviamente considerando os casos EXTREMOS, que podem conduzir até a suicídios e outras posturas extremadas e que necessitam SIM de intervenções. Mas... podemos EQUIPARAR o comportamento sexual "desenfreado", descontrolado ou incontido com uma DOENÇA??
Para que QUALQUER TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO FUNCIONE é absolutamente imprescindível que a pessoa envolvida na questão tenha para sí mesma de que "ela está doente...". Ou seja... o "vício em sexo" é, como qualquer outra síndrome compulsiva, um VÍCIO comportamental. Como drogas, ou álcool, o "tratamento" baseia-se absolutamente no convencimento do indivíduo de que ele tem um problema do qual necessita se tratar, em prol de um comportamento socialmente aceito e enquadrado.
EU, EDUARDO, não tenho NENHUM PROBLEMA com o meu comportamento sexual... ADORO SEXO, vivo em função de sexo, quero-o mais e mais e MUITO MAIS...
e você???
EU, EDUARDO, não tenho NENHUM PROBLEMA com o meu comportamento sexual... ADORO SEXO, vivo em função de sexo, quero-o mais e mais e MUITO MAIS...
e você???